Doenças do pénis mais comuns

O pénis pode ser afetado por todo tipo de doenças: inflamatórias, infecciosas, traumáticas, tumorais, congénitas e hereditárias; gerando alterações estruturais ou funcionais, as quais podem ocasionar dificuldades nas funções normais de urinar e/ou manter relações sexuais. Seguidamente é apresentado um breve resumo das doenças mais comuns que afetam diretamente o pénis

Quais são as doenças do pénis mais frequentes?

Fimose - verifica-se quando o prepúcio (uma dobra de pele e membrana mucosa retrátil que cobre a extremidade do pénis) não pode ser completamente retraído para expor totalmente a glande (”cabeça” do pénis). O prepúcio normalmente recobre a glande quando o pénis está flácido e retrai-se quando está ereto, deixando a glande visivel. A dificuldade em expor a glande ocorre quando o prepúcio possui uma abertura muito pequena para a passagem da glande. No bebé, existe naturalmente uma aderência do prepúcio à glande (fimose fisiológica), a qual desaparece na grande maioria dos meninos até os três anos de idade. Chama-se parafimose à situação em que a glande é exposta apesar da dificuldade, mas não consegue novamente ser recolhida, causando um estrangulamento desta, impedindo o fluxo venoso e linfático ou a higiene adequada. Devemos lembrar que a circuncisão (remoção cirúrgica da prega de pele que envolve a glande), prática usada para corrigir a fimose, tem implicações culturais e religiosas importantes e existe há mais de cinco mil anos, tendo um aspecto ritual entre egípcios, gregos e hebreus.

Balanopostite: na balanopostite um fungo ou uma bactéria que estejam vivendo debaixo do prepúcio causa uma inflamação na cabeça do pénis e no prepúcio. Esta inflamação geralmente ocorre num pénis não circuncidado e provoca dor, vermelhidão e edema e pode levar a uma constrição da uretra e dificuldade para urinar. A balanopostite, quando duradoura, predispõe a outras doenças, inclusive ao cancro.

Disfunção erétil: a disfunção erétil, popularmente chamada impotência sexual, é uma disfunção em que o homem não consegue ter ou manter uma ereção que lhe permita manter uma relação sexual normal. A disfunção erétil pode ter várias causas, orgânicas ou psicológicas e é acentuada pelo fumo, álcool, colesterol elevado, certos medicamentos, hipertensão arterial e diabetes mellitus. O tratamento da disfunção erétil depende da sua causa, mas vai desde a psicoterapia até a prótese peniana, passando pelas medicações.

Tumores no pénis: o cancro do pénis não é comum, mas existe. Embora raro, ele é mais comum nos homens não circuncidados. A parte do pénis mais frequentemente afetada é a base da sua cabeça. O sinal inicial costuma ser uma ferida avermelhada e indolor. Habitualmente, é um carcinoma de células escamosas. Quando detectado no início, pode ser extirpado preservando-se ao máximo o tecido peniano.

Doença de Peyronie: é um distúrbio caracterizado pelo surgimento de placas fibrosas no tecido conjuntivo do pénis, causando nele, quando em ereção, uma curvatura anormal. Ocorre uma perda da capacidade de se distender um lado do pénis, encurtando-o naquele lado e provocando o desvio. A princípio a doença pode causar dor, a qual se alivia à medida que a condição se torna crónica. Nos estágios mais avançados da doença pode haver disfunção erétil. Diversos homens com esse problema exibem também doenças do tecido conjuntivo em outras partes do corpo, mormente nas mãos e pés. O único tratamento existente é a cirurgia.

Infeções sexualmente transmissíveis: embora muitas das principais repercussões das infeções sexualmente transmissíveis sejam sistémicas, algumas delas deixam lesões localizadas no pénis. A infecção pela clamídia, conhecida como Chlamydia trachomatis, causa uretrite (inflamação da uretra), sensação de ardor ao urinar, coceira no pénis e dor nos testículos. A gonorreia, causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, caracteriza-se por um corrimento uretral amarelado e ardor ao urinar. O herpes genital acomete a pele e as mucosas do pénis. No começo, a pele mostrará um aumento de sensibilidade, formigamento, queimação e dor. A seguir, a área torna-se avermelhada e aparecem vesículas que contêm um líquido branco-amarelado. A ruptura dessas vesículas gera úlceras, sobre as quais posteriormente se formam crostas. O herpes propaga-se por meio de contato físico e sexual. As verrugas genitais (ou condilomas acuminados) são causadas pelo vírus do papiloma humano (HPV). Elas são muito contagiosas e a melhor maneira de se proteger contra elas é usar preservativo durante as relações sexuais. Podem ser tratadas com podofilina, aplicada localmente, com crioterapia (eliminação das verrugas por congelamento) ou excisão cirúrgica. A sífilis, no passado, chegou a ser um flagelo quase comparável ao que hoje é o HIV/SIDA. Ela é causada pela bactéria Treponema pallidum que, além de lesões locais no pénis, pode afetar órgãos vitais como o coração, vasos sanguíneos, cérebro ou medula espinhal, em alguns casos dando manifestações graves, anos depois da infecção inicial. As manifestações penianas da sífilis são aparentemente simples e constam de feridas vermelhas que se curam sem tratamento, dentro de uma semana. No entanto, a doença continua seu curso, às vezes grave.




Anomalias congénitas, genéticas ou hereditárias: em alguns casos pode ocorrer uma ambiguidade genital externa e os órgãos sexuais podem ter características anatómicas dos dois sexos, de tal forma que não permitem definir com segurança sua natureza masculina ou feminina. A Síndrome de Klinefelter é um transtorno cromossómico que afeta apenas os meninos e que ocasiona várias repercussões sistémicas importantes, mas no que se refere ao pénis torna-o marcadamente pequeno (micropénis). A hipospádia é uma malformação congénita caracterizada pela abertura anormal do orifício por onde sai a urina, na parte de baixo do pénis. Chama-se epispádia quando essa abertura se dá no dorso do pénis. Durante o desenvolvimento embriológico ocorre uma fusão incompleta das pregas uretrais, dando origem a uma abertura anormal da uretra. Outra anomalia é a estenose congénita do meato uretral, que também pode ocorrer, às vezes gerando retenção e patologias urinárias consequentes. Existe também uma curiosa síndrome de duplicação do pénis, em que o indivíduo pode nascer com dois pénis.



Fonte: abc.med.br




VEJA TAMBÉM:


Dr. Fernando Eduardo Mesquita

Psicologia Clínica / Sexologia Clínica
Terapia Cognitivo Comportamental / Terapia EMDR

Avenida Elias Garcia, 137, 4º
1050-099 Lisboa
Tel: 969091221
Tel: 213145309

Avenida Almirante Reis, 186 R/C Esq.
1700-093 Lisboa
Tel: 969091221
Tel: 218477024
Exibir mapa ampliado




VAGINISMO



Segundo a psicóloga Marília Mendes Araújo, Vaginismo pode ter causa psicológica. Apesar de sentirem atração e desejo por seus namorados, companheiros ou maridos, muitas mulheres têm dificuldades ou simplesmente não conseguem manter relações sexuais com eles. Entre outras possibilidades, isto acontece porque elas podem estar sofrendo com um tipo de disfunção sexual chamada vaginismo, que tem como característica principal uma dor intensa que as impedem de manter relações devido à contração involuntária dos músculos da região pélvica e vaginal. 

Para elas, o problema pode impedir a penetração no ato sexual e até mesmo a realização dos exames ginecológicos de rotina, devido à intensidade das contrações. De acordo com a médica ginecologista do Hospital Marcelino Champagnat Mônica Zomer, esta queixa é relativamente frequente nos consultórios. “Temos relatos de mulheres de várias idades em relação à dor ou à impossibilidade de manter relações sexuais. As adolescentes ainda têm dificuldade em conversar sobre o assunto, já as mulheres mais experientes costumam falar sobre o problema com menos constrangimento”. 

Ela ainda explica que, além do vaginismo, outras doenças e disfunções também provocam dor e podem impedir a mulher de conseguir ter relações. Entre elas, estão a endometriose, as infecções vaginais e as alterações que ocorrem com o corpo feminino na menopausa. Seja qual for a causa do problema, a médica afirma que consultar com um ginecologista é fundamental para confirmar se os desconfortos são realmente o vaginismo ou outra doença de origem física. “Em uma consulta com o médico, já é possível determinar se a mulher possui vaginismo, endometriose ou DIP (doença inflamatória pélvica), que também podem provocar muita dor durante o sexo, impedindo a mulher de sentir prazer”. 

Descartadas as demais doenças, o diagnóstico do vaginismo ainda pode determinar se ele é primário ou secundário. “O vaginismo primário é aquele em que a mulher, devido às contrações e aos espasmos musculares, nunca conseguiu manter relações sexuais, fazer exames ginecológicos ou até usar absorventes internos”. Já quem tem o vaginismo secundário, apesar de apresentar os mesmo sintomas, geralmente teve uma vida sexual ativa com relações completas e prazerosas. “Este tipo de vaginismo é o que está ligado à menopausa e aos traumas em decorrência de sofrimento no parto, aos abusos sexuais e outros motivos de fundo emocional”. 

Tratamento envolve terapia e exercícios 

Apesar da dor e das dificuldades, Monica afirma que ambos os casos (primário e secundário) têm tratamento. “Quem sofre com vaginismo precisa buscar ajuda médica, para verificar a causa e dar início ao tratamento. As mulheres não precisam sofrer à toa e nem ter vergonha”. Identificado o vaginismo, o médico pode encaminhar as pacientes para os fisioterapeutas ginecológicos ou terapeutas especialistas na área. 

Segundo a psicóloga especialista em sexologia Marília Mendes Araújo, a causa do problema pode ser algum abuso sofrido pela mulher ou uma memória de infância que faz com que ela associe o sexo a algo negativo, o que causa um bloqueio inconsciente para a relação. “A mulher pode ter sofrido um abuso, ter visto algo que a chocou quando era criança ou ter passado por algum tratamento médico doloroso na região íntima, como uso de cateter em infecções urinárias”. 

Para superar o problema, a psicóloga diz que o tratamento passa por sessões semanais de terapia, aliadas à prática de exercícios para relaxar a musculatura vaginal. “O tratamento varia de acordo com a intensidade das dificuldades, mas, em média, costuma levar de seis meses a um ano, com uma sessão por semana. Nestas sessões, temos a parte da terapia, com as conversas sobre o problema, e também a indicação dos exercícios de movimentação da pelve, que ela deve praticar em casa, sozinha ou com o companheiro”. 

Outro fator importante para um bom resultado é o apoio dos parceiros, que devem participar do tratamento, entendendo a situação e compreendendo que esta dificuldade não representa falta de amor ou excitação por parte delas. “O papel deles é dar carinho, investir na cumplicidade, no contato e nas preliminares até que o vaginismo seja vencido. Só assim o casal consegue superar o problema e as crises no relacionamento que ele possa ter provocado”, esclarece Marília.



VEJA TAMBÉM:




Dr. Fernando Eduardo Mesquita

Psicologia Clínica / Sexologia Clínica
Terapia Cognitivo Comportamental / Terapia EMDR

Avenida Elias Garcia, 137, 4º
1050-099 Lisboa
Tel: 969091221
Tel: 213145309

Avenida Almirante Reis, 186 R/C Esq.
1700-093 Lisboa
Tel: 969091221
Tel: 218477024
Exibir mapa ampliado




VASECTOMIA




É uma intervenção cirúrgica relativamente segura que permite ao homem eliminar sua fertilidade, o que implica em não poder mais ter filhos; ela é, assim, um dos recursos contraceptivos de que os casais dispõem ao optar por não mais reproduzirem. O processo é simples; o cirurgião extrai uma fração de cada um dos dois canais, conhecidos como dutos ou canais deferentes, órgãos incumbidos do transporte dos espermatozoides da região testicular ao pênis.

Este procedimento é tão singelo que não exige nem mesmo que o paciente fique internado; ela pode ser realizada no próprio consultório do cirurgião; a anestesia é local, aplicada exatamente sobre o escroto, bolsa cutânea na qual estão localizados os testículos. Este processo esterilizador só é aplicado quando o casal decide optar por este caminho de livre e espontânea vontade, principalmente o homem.

Alguns meses após a cirurgia o sêmen, substância expelida pelo homem no momento da relação sexual, não mais conduzirá em seu interior os espermatozoides, responsáveis pela fecundação dos óvulos femininos. Isso não significa, como muitos podem acreditar, que o indivíduo perde ou tem seu desempenho sexual reduzido. Ele obtém sua ereção da mesma forma, apenas com a ausência dos espermatozoides.

O nível de segurança desta operação é quase total; pesquisas apontam que os índices de insucesso na cirurgia limitam-se a menos que 1%. Contudo, como qualquer cirurgia, a completa eficácia e a carência de obstáculos pós-procedimento dependem da vivência profissional do cirurgião e da tecnologia usada no instante da intervenção.

Boa parte dos pacientes apresenta, ao longo de três ou cinco dias depois da vasectomia, mínimas dificuldades na pele escrotal. Estudos indicam que ela não agrava a aterosclerose, inflamação crônica que provoca a constituição de placas nas paredes dos vasos sanguíneos. Quanto à ocorrência de câncer de próstata ou de testículo nos que recorreram a este método contraceptivo, os médicos garantem que eles não ficam mais suscetíveis a adquirir estas enfermidades.

Os membros do sexo masculino devem refletir bem antes de decidir realizar esta cirurgia, pois ela é quase sempre impossível de ser revertida. Há também outros meios de se praticar o controle de natalidade, por esta razão é melhor consultar o médico sobre possíveis caminhos a serem adotados.

É importante que o paciente siga as orientações médicas prescritas antes do procedimento cirúrgico, o que certamente prevenirá futuros problemas. A intervenção dura apenas de 15 a 20 minutos. Com o paciente anestesiado, o cirurgião efetua uma mínima incisão na pele da bolsa escrotal, e então os dutos deferentes, agora visíveis, são submetidos à retirada dos necessários fragmentos.

Logo depois as partes restantes dos canais são atadas para que não ocorra a provável formação de um novo canal. Este mecanismo é repetido em cada duto; no final os canais são restituídos à bolsa e a pele é costurada. É normal que o paciente sinta alguma dor na região atingida e também o aparecimento de um pouco de sangue ou de outra substância no local do corte. É comum, igualmente, um certo inchaço e a cútis ligeiramente azul ou escura.

Fonte: MegaArquivo

VEJA TAMBÉM:



Dr. Fernando Eduardo Mesquita

Psicologia Clínica / Sexologia Clínica
Terapia Cognitivo Comportamental / Terapia EMDR

Avenida Elias Garcia, 137, 4º
1050-099 Lisboa
Tel: 969091221
Tel: 213145309

Avenida Almirante Reis, 186 R/C Esq.
1700-093 Lisboa
Tel: 969091221
Tel: 218477024
Exibir mapa ampliado



Lidar com o MEDO




O clima do planeta pode ter desandado de vez, com consequências terríveis para a humanidade. A inflação pode voltar e levar o seu dinheiro. Você pode apanhar da polícia – ou ser incendiado por black blocs. Pode pegar gripe suína e morrer em dias. Os agrotóxicos da comida podem estar envenenando você. O seu avião pode cair. Você pode ser rejeitado. Fracassar na vida. Aquela dorzinha na barriga… pode ser câncer. E, pior ainda, tudo isso pode acontecer com as pessoas que você mais ama. Nunca houve tantos motivos para sentir medo. E isso está nos afetando. 

Segundo dados do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA, 20,8% das pessoas têm transtorno de ansiedade, ou seja, passam o tempo inteiro com medo de alguma coisa (pois a ansiedade nada mais é do que medo antecipado, de algo que pode ou não ocorrer). É dez vezes mais do que na década de 1980. Mesmo que você não seja uma delas, certamente já se sentiu incomodado por algum tipo de medo. Ele se tornou o maior problema psicológico do nosso tempo – e virou parte do dia a dia de todo mundo.


Nós só estamos aqui, afinal, porque nossos antepassados eram medrosos e viviam fugindo do perigo. O cérebro humano evoluiu para ser extremamente sensível a ele. Mas isso aconteceu há milhares de anos, quando a vida era muito diferente. Hoje, a quantidade de situações e estímulos que podem nos causar receio é incalculavelmente maior. Daí a explosão de medo na cabeça das pessoas. Não precisa ser desse jeito.

O cérebro humano quase triplicou ao longo da evolução. Passou de 600 cm3 no Homo habilis (há 2 milhões de anos) aos 1.400 cm3 do Homo sapiens, 150 mil anos atrás. Nossa massa cinzenta foi crescendo e ganhando camadas, cada uma mais complexa que a anterior, até chegar ao neocórtex – sua parte mais externa, enrolada como uma linguiça, responsável por funções mentais como pensamento e linguagem. Tudo o que você tem de racional está ali. Só que mais para dentro, no miolo do cérebro, existe outra coisa: o chamado sistema límbico. É uma parte mais primitiva, que coordena reações instintivas. Seu pedaço mais importante é a amígdala, que detona as sensações de medo. “Você está caminhando por um bosque, vê uma cobra, se assusta e imediatamente pula para trás, sem sequer pensar a respeito. A amígdala é a responsável por essa resposta”, explica Raül Andero, neurocientista da Emory University, nos EUA. Como as cobras eram um perigo constante para nossos ancestrais, a evolução moldou o cérebro para ter medo delas. Prova disso é que macacos criados em laboratório, que nunca viram uma cobra, se assustam se forem colocados diante de uma (em compensação, se eles tiverem a amígdala retirada, deixam de sentir todos os tipos de medo). Os medos são disparados pela parte primitiva do cérebro.



Quando você anda pela rua pensando nas férias, o seu cérebro avançado está decidindo para onde quer viajar. Mas o cérebro instintivo, sem que você perceba, também está a todo o vapor, de olho nas ameaças imediatas (um buraco no chão, por exemplo). Os dois são interligados, se comunicam, influenciam um ao outro. Por isso, os psicólogos preferem dividir a mente em dois sistemas: o Sistema 1 e o Sistema 2. Cada um é um conjunto de processos mentais envolvendo várias regiões do cérebro.

O Sistema 1 é intuitivo, rápido, emotivo, inconsciente, automático. Sabe aquele pressentimento que você tem quando conhece alguém? É o Sistema 1 em ação. Ou quando volta para casa de forma automática, sem precisar relembrar o caminho? Sistema 1. Tudo o que você faz sem pensar – inclusive sentir medo – é obra do Sistema 1. Já o Sistema 2 é o contrário: ele é o pensamento, lento, consciente, racional. A sua consciência mora dentro dele. “Mas o Sistema 1 é o autor secreto de muitas escolhas e julgamentos que você faz”, explica o psicólogo israelense Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia e autor de Rápido e Devagar, livro que discute a relação entre os dois sistemas.

O Sistema 1 é essencial para a sobrevivência. É o instinto que nos permite reagir rapidamente a ameaças – seja uma cobra ou um ônibus que avança sobre a faixa de pedestres bem na hora que você está atravessando. O problema é que o Sistema 1 usa regras rudimentares, muitas vezes erradas, para dosar o medo que vamos sentir das coisas. Por exemplo. Quanto mais você se lembra (ou é lembrado) de uma ameaça, mais medo o Sistema 1 produzirá, independente do real perigo envolvido. E ele também é fortemente influenciado pelo medo que outras pessoas sentem (medo é contagioso). Tudo isso nos leva a receios exagerados e errados.

Após os atentados de 11 de Setembro, por exemplo, os americanos ficaram com medo de andar de avião. Muito mais gente decidiu viajar de carro. E, por isso, morreram 1.600 pessoas a mais em acidentes de trânsito nos EUA ao longo de um ano. Avião era, e é, estatisticamente muito mais seguro do que carro. Só que as pessoas se lembraram dos atentados, que tinham sido exaustivamente mostrados pela imprensa, e tomaram a decisão errada. Se tivessem superado o medo, e andado de avião, praticamente todas estariam vivas. “Temos pavor de morrer de repente, junto com outras pessoas”, diz o psicólogo Gerd Gigerenzer, do Instituto Max Planck, na Alemanha, que analisou números fornecidos pelo Ministério dos Transportes dos EUA. “Aí tomamos a decisão errada, e pulamos da frigideira para o fogo.

Há inúmeros exemplos assim, de medo irracional. Como a mãe que tem medo que seu filho fume maconha, mas não vê problema se ele encher a cara – sendo que o álcool é comprovadamente mais prejudicial à saúde. A pessoa que tem medo de usina nuclear, mas adora ir à praia se expor à radiação solar, algo muito mais arriscado (só o Brasil registra 120 mil casos de câncer de pele por ano). E você tem mais medo de diabetes, aids, ou acidentes de trânsito? No Brasil, a aids (71%) e os acidentes (58%) lideram com folga. E a diabetes nem é citada em pesquisas sobre temores. Mas, pensando racionalmente, é dela que você deveria ter mais medo: em 2010, essa doença matou 54 mil brasileiros, o mesmo que os acidentes de trânsito (42 mil) e a aids (12 mil) somados. Ocorre que os acidentes aparecem todo dia na TV e nos jornais. E o que você acha que terá mais destaque na imprensa, uma celebridade morrer de diabetes ou de aids?

A mídia escolhe as coisas para chamar sua atenção. E as coisas que mais chamam a atenção do cérebro são, justamente, as que mais assustam.

E esse medo nunca foi tão forte. Nunca estivemos tão ligados uns aos outros, mas, ao mesmo tempo, nunca sentimos tanto medo de não sermos aceitos. Você já deve ter percebido isso quando postou alguma coisa nas redes sociais – e imediatamente ficou ansioso sobre quantos likes aquilo iria ter ou deixar de ter. Um estudo feito pela agência de publicidade JWT com 1.270 americanos e ingleses constatou que 40% dos usuários do Facebook têm medo de não serem incluídos nas conversas online dos amigos. “O mundo exige cada vez mais de nós. Não conseguimos nos desconectar, e aí sentimos mais ansiedade”.

Políticos espalham temores para arrebanhar votos, jornalistas faturam em cima de catástrofes, biólogos citam vírus letais quando querem obter fundos para desenvolver vacinas… Todo mundo propaga o medo. Mas não faz isso só por maldade ou interesse próprio. “Se eu disser que há uma doença mortal se espalhando na sala onde você está, você sairá dela mesmo sem saber se é verdade. E vai avisar as outras pessoas”, diz Lindstrom. “Milhares de anos atrás, também espalhávamos a notícia de uma planta venenosa, porque isso aumentava a chance de sobrevivência do grupo.” Ou seja: conforme cada pessoa absorve mais medo, ela também se torna propagadora, espalha esse medo para os outros. É uma reação instintiva.

Ok, sentimos cada vez mais medo porque nosso pobre cérebro é imperfeito – e o mundo moderno explora seus defeitos como nunca.

Em situações normais, como no cinema ou no parque, a parte avançada do cérebro permanece no comando. Você se diverte porque mantém o controle. O seu instinto de medo é ativado, mas a consciência sabe que não se trata de um perigo real. Então acontece uma descarga de adrenalina acompanhada de dopamina – neurotransmissor associado ao prazer. E você sente aquele gostoso friozinho na barriga.



Mas, em situações de perigo real, como um assalto, isso não acontece. A amígdala passa por cima de todo o resto e impõe um temor incontrolável. Quando alguém desenvolve medo crônico, fobias ou transtorno de estresse pós-traumático, situações cada vez mais comuns no mundo moderno, a amígdala fica disparando o tempo inteiro. “Por isso, a pessoa apresenta grande ansiedade no dia a dia”, explica o neurocientista Raül Andero, da Universidade Emory. Já estão sendo criados medicamentos que podem aliviar ou suprimir o medo (mais sobre isso daqui a pouco), mas, na maioria dos casos, a principal solução é terapia. Não só a terapia feita em consultório. Há coisas que você mesmo pode fazer.
A principal delas se chama Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Ela nos ensina a mudar os pensamentos ruins que ficam estimulando a amígdala e gerando ansiedade. “A forma como pensamos influencia a maneira como sentimos. Portanto, mudar o modo como pensamos pode mudar como nos sentimos”, resume o psiquiatra Aaron T. Beck, pai da TCC, no livro The Anxiety and Worry Workbook (“O Manual da Ansiedade e da Preocupação”, inédito no Brasil). Se antes da entrevista de emprego você pensa “Não tenho ideia do que dizer; eles acharão que sou um idiota”, vai se sentir tenso e ansioso. Mas se em vez disso você pensar “Estou bem preparado para a entrevista e vou causar uma boa impressão”, ficará mais calmo e confiante. Pode parecer banal, mas funciona. Tem efeitos neurologicamente comprovados.

A psicanálise e diversas outras terapias também têm se mostrado eficientes para lidar com o medo e a ansiedade. O sucesso não depende da linha terapêutica em si, até porque tudo depende da relação entre o terapeuta e o paciente. Mas existe uma condição básica para que uma terapia dê certo. “O bom atendimento é aquele que não se limita a combater os sintomas. É o que procura entender a causa do problema no cotidiano de cada pessoa”, diz o psicólogo Luís Fernando Saraiva. Faz sentido: você pode tomar calmantes para dormir. Mas se não entender o que está tirando seu sono, pouco adianta.

A maioria de nós passa por algum trauma na vida – assalto, sequestro, acidente, desastre natural, abuso ou a perda repentina de alguém querido. E cerca de 10% dos que vivem um trauma (até 14% no caso das mulheres) vão desenvolver o chamado Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Eles revivem a cena em pesadelos e flashbacks aterradores. Sentem tanto medo que chegam a se isolar do convívio social. Muitos conseguem se curar total ou parcialmente com terapia. Mas algumas pessoas nunca se recuperam. Nesses casos, a grande promessa são os estudos voltados à prevenção do medo. Eles buscam evitar que a emoção negativa seja gravada no cérebro. Fazendo pesquisas em ratos, cientistas descobriram que injeções de substâncias como cortisol reduzem a chance de sofrer os transtornos. Cortisol é o hormônio do estresse. Quanto mais estresse você tem, mais a memória é fixada. No entanto, por um motivo que ainda não é bem compreendido, tomar uma grande dose de cortisol reduz a fixação do trauma.

MEDO DE PERDER AS PESSOAS QUE AMA

O que fazer – Apelar à razão.
Como – É o maior medo social dos brasileiros. Esse receio está enraizado no cérebro humano (pois a espécie é extremamente social, depende da família e do grupo). Não temos como eliminá-lo, mas podemos aprender a conviver com ele. Sempre que você sentir esse temor, lembre-se: ele é inútil, pois não ajuda em nada a proteger quem você ama. E pode atrapalhar a relação entre vocês.

MEDO DA SOLIDÃO

O que fazer – Ficar um dia offline. Ou terapia sistêmica.
Como – Experimente ficar um dia inteiro quietinho, sem falar com nenhum amigo via Facebook, WhatsApp e coisas do tipo. Você verá que a solidão não é tão assustadora quanto parece. Para casos mais intensos, pode valer a pena procurar um psicólogo especializado em terapia sistêmica (linha de análise que estuda a pessoa a partir das relações que ela tem com outras).

MEDO DE LEVAR PÉ NA BUNDA
O que fazer – Mudar o foco.
Como – Ter medo de ser largado pela pessoa amada é uma profecia autorrealizável: quanto mais medo você sente, mais paranoico fica, sem aproveitar os momentos bons a dois. Vira uma pessoa chata – e acaba afastando o outro. Faça de conta que o medo não existe, por mais absurdo que isso possa parecer. Dá resultado.

MEDO DE PERDER O EMPREGO OU FICAR SEM DINHEIRO

O que fazer – Terapia cognitivo-comportamental.
Como – Mentalize o contrário do que dá medo. Sempre que lhe ocorrerem coisas do tipo “vou ser demitido” ou “meu chefe me odeia”, pense em frases contrárias – como “sou bem preparado” e “meu trabalho tem valor”. Pode parecer simplório, mas tem efeito comprovado – e poderoso – sobre o cérebro.

VIOLÊNCIA

Sim, você pode sofrer violências terríveis. mas não faz sentido antecipá-las.

MEDO DE CRIME

O que fazer – Ignorar estímulos negativos.
Como – Já reparou como a TV e os jornais estão cheios de notícias sobre violência? É que esse tipo de coisa ativa a parte primitiva do cérebro – e tem um poder fortíssimo de chamar sua atenção. Mas também faz você sentir que o mundo é mais violento do que realmente é. Evite consumir esse tipo de informação.



Você quer fugir das suas fobias. Mas, para se libertar, tem de abraçá-las.
CRISES DE PÂNICO
O que fazer – Respirar… e buscar ajuda.
Como – Ataque de pânico é uma manifestação extrema de medo, que requer ajuda de um especialista. Há algumas terapias que fazem efeito – como a hipnose, que auxilia o indivíduo a sair do pânico aproveitando os próprios recursos mentais.
MEDO DE ALTURA, INSETOS, LUGARES FECHADOS/LOTADOS
O que fazer – Dessensibilização.
Como – O segredo é se expor gradualmente à situação ou ao objeto ameaçador. Se você tem medo de barata, por exemplo, baixe algumas fotos do inseto na internet, salve no seu computador e se obrigue a olhar uma por dia. Você verá como o medo diminui (quando estiver mais confiante, aumente a exposição – veja um vídeo de baratas no YouTube). A mesma técnica vale para situações como medo de altura e de lugares fechados. Procure se expor um pouco a eles. Mas, nesses casos, leve um amigo junto.
MEDO DE DIRIGIR
O que fazer – Dessensibilização.
Como – O segredo é enfrentar, mas aos poucos. Experimente começar dirigindo aos domingos, quando há menos trânsito, levando um amigo junto. Se você sofreu um acidente e ficou com trauma, vale a pena procurar um analista ou instrutor (há autoescolas especializadas em gente com medo de guiar).
MEDO DE DOENÇA
Todos vamos morrer. Alguns, com sofrimento. Mas isso não é relevante.
MEDO DE ADOECER
O que fazer – Não dar ouvidos à internet.
Como – Se você entrar no Google e começar a pesquisar sintomas, com certeza vai terminar achando que aquela coceira no seu braço esquerdo é sinal de um câncer incurável. Desconfie das coisas escritas na internet (mesmo em fontes confiáveis, pois o que elas dizem não necessariamente se aplica a você). Nada melhor do que marcar uma consulta médica para esclarecer tudo e acabar com as preocupações.
MEDO DE SOFRER
O que fazer – Aceitar. Ou análise.
Como – Todo mundo tem esse medo. É normal. Se ele for muito intenso, e ocupar grande parte do seu tempo, pode valer a pena fazer psicanálise – que tentará encontrar as raízes do temor. Outra opção é o psicodrama, técnica que trabalha as vivências da pessoa por meio de dramatizações, como se fosse uma peça de teatro.

Fonte: Mega Arquivo
VEJA TAMBÉM:
- NOMOFOBIA
- MEDOS E FOBIAS SEXUAIS
- FOBIAS, FILIAS & OUTRAS COMPANHIAS...