Apesar de todos os ensinamentos que recebemos desde que nascemos – família, escola, amigos, religião – nos estimularem a investir a nossa energia sexual numa única pessoa, a prática é bem diferente. Uma percentagem significativa de homens e mulheres casados, ou numa relação estável, dedica grande parte do seu tempo e prazer com outros parceiros.
A antropóloga americana Helen Fisher conclui que a nossa tendência para as ligações extraconjugais parece ser o triunfo da natureza sobre a cultura. “Dezenas de estudos etnográficos, sem mencionar inúmeras obras de história e de ficção, são testemunhos da prevalência das atividades sexuais extraconjugais entre homens e mulheres do mundo inteiro. Embora os seres humanos flertem, apaixonem e casem, também tendem a ser sexualmente infiéis a seus cônjuges.”
O professor de ciências sociais Elías Schweber, da Universidade Nacional Autónoma do México, reforça essa ideia. “Na infidelidade influem fatores psicológicos, culturais e genéticos que levam-nos a afastar a ideia romântica da exclusividade sexual. Não existe nenhum tipo de evidência biológica ou antropológica na qual a monogamia é ‘natural’ ou ‘normal’ no comportamento dos seres humanos. Ao contrário, existe evidência suficiente na qual se demonstra que as pessoas tendem a ter múltiplos parceiros sexuais.”
Um dos pressupostos mais aceites, na nossa sociedade, é o de que o casal monogâmico é a única estrutura válida de relacionamento sexual humano, sendo tão superior que não necessita ser questionado. Na verdade, a nossa cultura coloca tanta ênfase nisso, que uma discussão séria sobre outro tipo de relações é muito rara.
Entretanto, as sociedades que adotam a monogamia têm dificuldades em comprovar que ela funciona. Ao contrário, parece haver grandes evidências, expressas pelas altas taxas de relações extraconjugais, de que a monogamia não funciona muito bem para os ocidentais. O argumento de que o ser humano é “predestinado'' à monogamia é difícil de sustentar.
Portanto, uma vez que nós humanos nos damos tão mal com a monogamia, outras estruturas de relacionamento livremente escolhidas também devem ser consideradas. E para não haver mágoas e culpas, nas relações amorosas, é fundamental partilhar claramente a nossa visão do amor e do sexo desde o início da relação.
VEJA TAMBÉM:
Sem comentários:
Enviar um comentário