O desejo pode esmorecer, as doenças da idade tendem a atrapalhar, mas o sexo não tem prazo de validade nem termina com a juventude. As relações são diferentes aos 80 anos e aos 18. Contudo, o acumular dos anos não faz dos idosos seres assexuados. Quando as doenças atrapalham e o desejo começa a esmorecer, são eles que escolhem o que fazer com a sua sexualidade. Podem abdicar dela. Mas também podem reinventá-la.
A atitude mais frequente é desistir, até porque quando um dos membros do casal passa a ter dificuldades, o outro desinveste também para não lhe causar sofrimento emocional. Mas não tem de ser assim, explica o sexólogo Bruno Inglês. "Não é fácil as pessoas desprenderem-se do modelo tradicional do sexo, onde é obrigatório existir erecção e penetração. Mas pode haver uma adaptação e os casais passam a fazer o que é possível", refere. E são aqueles que, ao longo da vida, tiveram uma vida sexual mais rica e que mais facilmente conseguem criar alternativas, explica. Tem é de haver motivação.
Contudo, o especialista refere que o fim do sexo não implica sempre sofrimento. Há casais que encaram a nova fase com naturalidade e continuam a ter uma ligação afectiva entre eles. Arranjam mecanismos de compensação, investem noutras áreas, como nos filhos e nos netos. O mais difícil é quando não estão os dois em sintonia. O exemplo vai para o fenómeno do Viagra. Ele tinha problemas de erecção, a mulher desistiu da sexualidade, ele toma Viagra e quando volta a uma sexualidade activa é já ela que não está disponível. "O homem recorre à prostituição. Mas segundo os padrões de quando tinha 17, 18 anos. Não usa preservativo – como nunca usou, pensa que pode dificultar a erecção. Acaba a ser infectado com VIH/sida e outras doenças. E infecta também a mulher", alerta, lembrando o aumento da prevalência desta doença em Portugal nas faixas populacionais mais velhas.
"HÁ VÁRIAS TERAPIAS POSSÍVEIS"
(Bruno Inglês, Sexólogo)
Correio da Manhã – O conceito de sexualidade muda com a idade?
Bruno Inglês – Não há uma mudança muito grande, há sim uma adaptação às circunstâncias. A idade traz doenças como a diabetes ou a hipertensão. A própria medicação que os idosos tomam tem consequências a este nível. Mas os casais podem adaptar-se, e passam a fazer o que é possível fazer.
– As disfunções sexuais são um tema difícil de abordar nesta idade? Os mais idosos são paciente difíceis?
– Tenho encontrado o inverso. Quem vai às consultas aborda a questão com mais abertura, porque são mais vividos e mais descomplexados. Mas estamos a falar daqueles que procuraram ajuda. Admito que na população geral haja pessoas com mais dificuldades em falar sobre este tema.
– Que tipos de ajuda há para ultrapassar esta situação?
– Há vários tipos. O recurso a medicamentos, como terapias hormonais (no caso da falta de lubrificação nas mulheres, por exemplo) ou remédios como Viagra. E depois há terapias familiares ou sexuais. As pessoas devem consultar especialistas e pedir ajuda. Podem abordar o assunto com o médico de família, o ginecologista ou o urologista.
Bruno Inglês – Não há uma mudança muito grande, há sim uma adaptação às circunstâncias. A idade traz doenças como a diabetes ou a hipertensão. A própria medicação que os idosos tomam tem consequências a este nível. Mas os casais podem adaptar-se, e passam a fazer o que é possível fazer.
– As disfunções sexuais são um tema difícil de abordar nesta idade? Os mais idosos são paciente difíceis?
– Tenho encontrado o inverso. Quem vai às consultas aborda a questão com mais abertura, porque são mais vividos e mais descomplexados. Mas estamos a falar daqueles que procuraram ajuda. Admito que na população geral haja pessoas com mais dificuldades em falar sobre este tema.
– Que tipos de ajuda há para ultrapassar esta situação?
– Há vários tipos. O recurso a medicamentos, como terapias hormonais (no caso da falta de lubrificação nas mulheres, por exemplo) ou remédios como Viagra. E depois há terapias familiares ou sexuais. As pessoas devem consultar especialistas e pedir ajuda. Podem abordar o assunto com o médico de família, o ginecologista ou o urologista.
ESTUDOS
As pessoas com mais de 70 anos têm uma vida sexual mais activa e sentem mais prazer do que os idosos há 30 anos, diz uma pesquisa sueca.
81% dos homens e 51% das mulheres entre 57 e 85 anos não dispensam o sexo, refere outro estudo norte-americano.
37% dos homens admitem ter dificuldades de erecção. As mulheres têm pouco desejo (43%), falta de lubrificação vaginal (39%) e dificuldades em chegar ao orgasmo (34%).
O FILME ERÓTICO PARA IDOSOS DE JANE FONDA
Jane Fonda tem um sonho. Fazer um filme erótico com idosos para provar que os casais nos 70 podem ter uma vida sexual preenchida. O projecto foi anunciado há um ano, quando a actriz fez 70 anos. A norte-americana diz que já tem as ideias para as cenas amorosas, mas continua à procura de um argumentista. "Quero fazer um filme erótico sobre uma mulher de 70. Existe esta ideia que, quando se atinge certa idade, deixamos de ser sexuais. O que é inteiramente falso. Vamos ver se consigo fazê-lo. Tenho de pôr a ideia por escrito primeiro", adiantou a actriz.
Rute Araújo in Correio da Manhã Online, 13Jul2008
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